Foto: Kuzma
Só de ouro falso os meus olhos se douram;
Sou esfinge sem mistério no poente.
A tristeza das coisas que não foram
Na minha'alma desceu veladamente.
Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,
Gomos de luz em treva se misturam.
As sombras que eu dimano não perduram,
Como Ontem, para mim, Hoje é distancia.
Já não estremeço em face do segredo;
Nada me aloira já, nada me aterra:
A vida corre sobre mim em guerra,
E nem sequer um arrepio de mêdo!
Sou estrêla ébria que perdeu os céus,
Sereia louca que deixou o mar;
Sou templo prestes a ruir sem deus,
Estátua falsa ainda erguida ao ar...
Mário de Sá-Carneiro, in 'Dispersão'
5 comentários:
A sua escolha de poemas e imagens reflecte não só sensibilidade e cultura, como sentido estético apurado...
Obrigada por partilhar isso!
TERNURAS
amoooooooooo
sabes que o pobi se matou
como diria a Adriana um bichinha complicada
ela canta do mario
eu não sou eu, nem sou o outro
- sou qualquer coisa de intermédio
pilar da ponte de tédio
que vai de mim para o outro
um gênio da poesia
Lindo esse poema,Michelle!
Adoro Mário de Sá Carneiro!
Bjinhos***
Saudações.
Quantas belas poesias aqui hein!
Beijos!
Estátuas talvez um dia tiveram vida, paz.
Beijo Lisette
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