sábado, 2 de maio de 2015

Pesquisa sobe o amor

Foto: Google

A Mulher no amor
Em todos os tempos, como já vimos, a mulher foi a grande sacrificada no amor. Colocada em plano inferior na sociedade, nunca teve o direito de amar, pois só lhe cabia e ainda hoje lhe cabe, a função passiva de ser amada. Essa posição a colocou na condição de presa, objeto de conquista. E uma vez conquistada, sua liberdade individual se apagava e ainda se apaga ante os direitos absolutos do marido. De nada valem para a mulher os seus encantos, a sua beleza, a sua inteligência. Mesmo quando, por direito dinásticos, ocupasse um cargo superior, no âmbito familial estava obrigada à sujeição marital. E por mais que brilhasse a inteligência feminina, a posição da mulher não se alterava, e ainda hoje continua, de uma ou de outra forma, subjugada pelo seu senhor. Este é o grande pecado dos homens, que podem ser acusados, em bloco, de caçadores, carcereiros, dominadores e exploradores da condição feminina.
[José Herculano Pires, in Pesquisa sobre o amor, pág 101]

Este livro me chamou a atenção e entrou para a lista dos meus livros favoritos, justamente por falar da condição feminina na nossa sociedade, em que segundo o autor, "a escravidão feminina é uma mancha negra na cultura dos povos, e tão espessa que atinge na sua nódoa os dois sexos." (pág.102)

Infelizmente a mulher sempre esteve subjugada e condicionada ao homem. Já se passaram milênios na estrutura social e a mulher continua na situação de passividade absoluta. Ainda hoje convivemos com mulheres absolutamente infelizes em seus casamentos, mas as exigências sociais e morais a espreitam e oprimem de todos os lados. A mulher que decide dar um basta na sua infelicidade é condenada pela sociedade e excluída do convívio social, tornando-se uma ameaça a moral e aos bons costumes.

Muitas mulheres que se aventuram no amor descompromissado arcam sozinhas com as possíveis consequências de seus atos, pois como diz Herculano Pires "o jogo leviano do amor só é leviano para os homens"(pág.106).

Algumas profissões que tem a mulher como a maioria, ou não são bem remuneradas ou não são devidamente valorizadas, como por exemplo, a enfermagem, a educação, a doméstica, costureiras, doceiras e por aí vai... Quantas profissionais muito bem qualificadas ainda não conseguiram uma posição adequada no mercado de trabalho simplesmente por serem mulheres. Mas é claro, este nunca é o motivo!

Um dos pontos que não concordo com o autor é na questão da homossexualidade, para o mesmo, a homossexualidade, seja ela, masculina ou feminina é tida como uma aberração. O que para mim, é algo completamente natural e que devemos respeitar e garantir a diferença sexual seja de quem for.

Outro capítulo do livro que vale a pena ser destacado por possuir uma poética que sensibiliza qualquer leitor um pouco mais atento é o trecho que trata do amor na melhor idade da vida humana, o amor na velhice. Intitulado como "Amor e desejo" deixo, para o deleite de alguns, este pequeno parágrafo: "Naqueles em que o amor se elevou a planos de altruísmo, os desejos individuais, dirigidos pelas forças genéticas, apagam-se para dar mais brilho aos anseios da sublimação. Os prazeres sensoriais perdem o seu encanto e são substituídos pelas aspirações do futuro, entrevistas na paranormalidade das percepções extra-sensoriais. O ser do corpo emudece ante o contínuo e secreto murmurar do ser espiritual. É graças a isso que a aparência juvenil de certos velhos não correspondem à realidade de sua inevitável decadência orgânica. A chama do amor sustenta o corpo envelhecido." (pág.100)

Enfim, neste livro o autor procura pela a vitória do amor e afirma que esta encontra-se condiconada a vitória do homem e da mulher. Ele aborda assuntos bastante atuais como a paixão, a atração sexual, os seus equívocos e construções, a solidão, o romantismo, a juventude e a velhice. Cita com bastante frequência a visão de outros pensadores e escritores, como Victor Hugo, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Com certeza, será uma leitura enriquecedora!!

PIRES, José Herculano. Pesquisa sobre o amor. 3ª edição. Editora Paidéia, fevereiro 2008. SP

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